segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Topoľčany

Acho que "as vezes" falo demais. E no blog, escrevo demais. Entao vou aproveitar que nao tem acento nesse teclado e que nao tem muita coisa interessante pra falar sobre Topolcany (cidade aqui do lado que fomos visitar) e colocar so algumas fotos.





domingo, 28 de dezembro de 2008

CERMANY (Natal/2008)

Em Budapeste peguei um ônibus para Bratislava e de lá outro para Nitra, onde a Zuzka me buscou pra ir pra casa dela, em Cermany. A vila tem esse nome porque Alemães moravam aqui antes da segunda-guerra mundial (Alemanha é Germany em inglês) e tem cerca de 370 (sim, trezentos e setenta, não esqueci nenhum zero) habitantes. É como ‘Santa Maria’, em Uberlândia, com a diferença de que as pessoas escolhem morar aqui porque querem um lugar tranqüilo e a possibilidade de ter uma casa, com jardim e pomar, ou porque as famílias moravam aqui.


Nas cidades, as pessoas normalmente moram em um apartamento num dos ‘blocos cinzas’ do comunismo. Aqui as casas são grandes (não mansões, mas normais) e convidativas, com cachorro, jardim, horta, pomar. Agora as plantas estão mortas, só algumas dos jardins ainda estão verdes, mas no verão a casa da Zuzka, por exemplo, tem mais de 10 pés de fruta diferentes e todos os vegetais que eles costumam comer. As casas normalmente têm dois andares, mais um subterrâneo e imagino que sejam como a da Zuzka: quartos e banheiro em cima, sala(s) – com lareira, cozinha e banheiro em baixo, mais o ‘hall’, onde guardam os casacos e sapatos, uma garagem do lado de fora e depósito no porão.


Uma parte de Cermany, vista da sacada da casa da Zuzka (Igrejinha ao fundo)


Sobre o Natal na Eslováquia

· Não é o Papai Noel que traz os presentes, mas o Menino Jesus.

· A decoração de Natal deve ser feita somente no dia 24, principalmente a árvore. E se tiver criança em casa, os pais decoram a árvore durante a noite e dizem que o Menino Jesus que trouxe.

· Tem uma tradição de não comer nada durante todo o dia 24, para poder ver o ‘Porco Dourado’ à noite. Só se come no jantar, que normalmente é composto por peixe e sopa de cogumelos e começa às 18h.

· O feriado de Natal começa no dia 24 e vai até dia 26 (dia de São Estevão – não sei a tradução certa no nome).

· Nas vilas tem um “coral” que passa de casa em casa cantando canções de Natal e rezando com as famílias.

· Os presentes são trocados no dia 24, depois do jantar.

· Nas vilas é comum ir à igreja para a Missa do Galo, à meia noite.


Sobre o meu Natal

Neveeeeee (eu na frente da casa da Zuzka)


Passei o Natal com a família da Zuzka: pai, mãe, irmão (Palco), irmã (Maria), Zuzka e eu. No dia 24 passamos o dia decorando a casa (eu mais olhando do que ajudando) e à tardezinha fomos no cemitério rezar para os antepassados e acender velas de Natal nos túmulos. Às 18h rezamos ao redor da árvore, para então começar a jantar. Primeiro um brinde com Medovina (bebida alcoólica local, à base de mel). Depois sopa de cogumelos, seguida por peixe à milanesa e salada de batata, maçã e cebola. De sobremesa uma massa fina torrada, com mel. O pai e o irmão comeram com mel e alho, mas eu preferi só mel mesmo. Também comemos frutas e vários bolos que a avó mandou. Depois do jantar trocamos presentes e assistimos filmes Tchecoslovacos de Natal na TV até meia-noite, quando fomos à igreja católica para a Missa de Natal.


Ganhei de presente luvas, meias de ficar em casa e um guia turístico da Eslováquia. Ah! E neve! Nevou o dia todo, então à noite estava tudo branquinho. E foi o único dia que nevou aqui, então foi mesmo só presente de Natal.


No outro dia missa de manhã e almoço igual à janta. À tarde fomos às vilas vizinhas visitar o resto da família (avó, tios e primos). As vilas ficam entre as duas “cidades” que têm aqui, Nitra e Topoľčaky. As cidades ficam a 35km uma da outra e existem umas 10 vilas no meio do caminho. Fomos também à igreja para ver o teatrinho de Natal que as crianças prepararam. Não entendi muito, mas foi muito lindo, as crianças morrendo de vergonha, recitando poemas, tocando flauta... adoro crianças!! Depois demos uma volta pela vila (em meia hora já conheci tudo). Não estava nevando, mas estava ventando e fazendo muuuito frio, chegou a dar dor de cabeça e ouvido. À noite, jantar e mais filmes.


No dia 26 novamente missa de manhã e almoço diferente: sopa de macarrão com cenoura (uma cenoura pra cada prato), frango assado, batatas assadas, salada doce de pepino. Tarde preguiçosa em casa, escrevendo pro blog, lendo e vendo TV. Mais comida à noite, principalmente os doces e frutas. E assim foi meu Natal! Acho que ganhei mais alguns quilos.

BUDAPESTE (20/12/2008)

Fui pra Budapeste pra conhecer a cidade, claro, mas também pra visitar a Ba, minha amiga do Brasil que está morando lá (e que tem uma vida no mínimo interessante, vou escrever sobre ela em outro post). Chegando em Budapeste tinha que pegar o Metro e um Tram (ônibus/trem) para chegar na casa dela. Para isso, precisava de moeda húngara (Forints) mas não tinha nenhuma e não achei nenhum lugar pra trocar. Vi um homem ajudando um grupo de japoneses a comprar os tickets e pedi ajuda também. Ele trocou o dinheiro pra mim e comprou o ticket. Na verdade ele me pediu muito mais euros do que o necessário, mas como eu não conseguiria comprar sem ele, não reclamei. Tudo é bem sinalizado, então segui as instruções da Bá e cheguei sem problemas.


Quando desci do tram já fiquei impressionada. A cidade é suntuosa e imponente, com prédios enormes e antigos, um do lado do outro, pra qualquer lado que a gente olhe. Imagino que tudo é muito bonito sempre, e com as luzes de natal por todos os lados então, mais bonito ainda. O apartamento da Ba é num desses prédios, no centro, e é super charmoso por dentro.


Rua aleatoria em Budapeste, no fim da tarde


Na primeira noite fomos para um ‘night club’ que chama Morisson 2. Tem duas pistas de dança, uma parte externa tipo jardim que abre no verão, um andar de jogos (sinuca, pimbolim, dardos) e uma sala de karaoke. Foi muito diferente da Eslováquia: apesar do ambiente ser bem parecido fisicamente, na boite que fui na Eslováquia todo mundo já estava caindo de tonto à meia-noite, as pessoas eram bem novas e só interagiam com o próprio círculo de amigos. Em Budapeste tinha tudo quanto é tipo de gente, de todas as idades, vários estilos de roupa, dançando, sentados, conversando. Tinham também vários casais ‘se pegando’, como diz a Ba, e muita paquera (nas minhas já 4 semanas na Eslováquia, nunca vi nenhum sinal de paquera, em lugar nenhum).


Eu, Ba e Anula (polonesa) num Mercado de Natal bebendo vinho quente

Durante o dia passeamos pela cidade, mas não sei contar muito porque estava com uma Brasileira e uma Polonesa (Anula, que mora com a Ba) que não sabem nenhuma informação turística. O que não me impediu de achar tudo lindo e aproveitar muito. Pena que, mais uma vez, as fotos ficaram ruins porque não tinha luz. Sei que fomos na Ópera, na ‘Chain Bridge’, na Catedral e no Castelo. E vi também o Parlamento e o a Praça Principal. E claro, vários mercadinhos de Natal. Em um deles bebemos vinho quente e comi um pãozinho muito gostoso, que não faço idéia do nome. Em outro, vimos uma apresentação de dança húngara, misturada com um teatrinho.


Catedral


À noite fomos a um cinema alternativo, com uma decoração bem diferente e que tem também apresentações culturais e umas “lojinhas”. Achei vários CDs brasileiros pra vender. Depois do cinema tentamos ir a uma Tea House (casa de chá) mas estava fechada, então fomos para o Zsimplá. Não sei definir o que é o lugar, só sei dizer que olhando de fora, nunca entraria lá. É num lugar escuro e estranho. Mas lá dentro é bem aconchegante (por mais estranho que seja ter cabeças de bonecas penduradas como decoração, e isso ser até normal perto do resto). Tem uma parte que é tipo bar, um jardim que abre no verão e uma sala cheia de sofás que vende chá e tem internet sem fio de graça. Tomei um chá de flores, as meninas tomaram chás indianos e fomos pra casa às 3 da manhã.


Cha de "Pink Flower"


No último dia acordamos tarde, almoçamos arroz, feijão e farofa (cozinhamos em casa) e fomos comer panquecas de sobremesa com uma amiga da Ba, que é indiana, mas morava em Budapeste e agora está trabalhando em Paris. Depois eu e a Ba fomos patinar no gelo. No começo desequilibramos muito, mas depois estávamos até que patinando direitinho... e não caímos nenhuma vez! À noite fomos para o Morisson 1, que é menor que o 2 mas bem parecido. Era segunda-feira, dia em que o lugar fica cheio de internacionais. Conheci alguns brasileiros (de BH) e bebi cerveja húngara (3 copos de meio litro por R$5,00).


Quando a Anula me perguntou se eu gostava da Eslováquia e eu respondi que sim, ela acrescentou: “Sério? Aquele é o país mais ‘boring’ do mundo!” Não quis traduzir boring porque pra quem sabe inglês a palavra diz mais que a tradução, que é algo como entediante.


Quatro horas da tarde em Budapeste: Chain Bridge e Buda Caslte ao fundo


No ônibus de volta para a Eslováquia fiquei pensando: é realmente a Eslováquia é bastante ‘boring’, principalmente se comparada a uma cidade tão viva quanto Budapeste, com tantas opções diferentes de lugares para ir e coisas para fazer, onde quase todo mundo fala inglês e pode-se trocar dinheiro a qualquer hora. E isso que estávamos no inverno, e as pessoas reclamavam que tem pouca coisa pra fazer e preferem o verão. Mas para mim, a Eslováquia não é entediante, é tranqüila e pacífica. E me senti bem em estar voltando ‘pra casa’ depois do fim de semana eletrizante em Budapeste.

BRATISLAVA (19/12/2008)


Quando saímos de Žilina estava nevando pela primeira vez desde que cheguei. Almoçamos no trem (pagamos R$2,00 para garantir que teríamos onde sentar) e passamos a tarde num shopping.


o trem (de Zilina pra Bratislava)


À noite fomos para a festa de Natal da AIESEC, onde tinha a tradicional sopa de repolho (Kapustnica) e vinho quente. Nessa festa da AIESEC eles também fazem uma competição de bolo: você monta seu time com quantas pessoas quiser e faz qualquer tipo de bolo, aí a gente come durante a festa. O time que fez o melhor bolo ganha um prêmio. E todo mundo tem que levar um presente, baratinho. Colocam todos num saco e mais tarde cada um pega um, aleatoriamente. Encontrei os 3 eslovacos que trabalharam comigo em São Paulo, em julho e agosto e conheci uma Brasileira (Letícia, do Rio Grande do Sul), que está morando aqui e um português.


Concurso de bolo (em cima e embaixo)


Vaco, Zuzka, eu e Ondro (eslovacos que trabalharam comigo em SP)


No outro dia eu ia pra Viena com o pessoal da AIESEC, mas estava muito cansada e resolvi não ir. Dormi mais um pouco e fui passear em Bratislava guiada por meu host eslovaco, o Ivan.


Almoço:


Sopa de alho no pão eslovaco


Ralusky: mini nhoque de batata com molho de brynza (queijo de cabra) e bacon

Chocolate quente (Ivan e eu)


À tarde fomos passear. Fomos ao mercado de natal, o Teatro Nacional, a Ópera Nacional, algumas galerias.


Bandeira do Brasil no Carlton Hotel, na Pra'ca Central


Diálogo comum no começo do passeio:

_ O que é aquele prédio?

_ Um prédio!

_ Mas o que é, o que tem lá?

_ Pessoas morando, empresas, sei lá! É um prédio normal!

_ Mas é tão bonito!

_ Aham!

Logo aprendi que ao invés de “o que é aquele prédio?”, é melhor perguntar “e aquele prédio, é algo importante?”.


Visitamos também o Castelo, que estava reformando, então só vi por fora e a Ponte Nova. Mas estava choviscando então não tirei muitas fotos e as que tirei não ficaram muito boas. Passamos ainda pela Torre de São Miguel, que é um dos portões por onde as pessoas entravam na cidade durante o período medieval. No chão tem uma Rosa dos Ventos em bronze, com a distância daquele ponto até as principais cidades do mundo. Não achei nenhuma cidade brasileira, então tirei foto da distância para Buenos Aires.



No fim da tarde peguei o ônibus para Budapeste, mas achei que estava em um avião: filme, fominho de ouvido e vários canais com músicas, bebidas quentes à vontade (chá, café, cappuccino, chocolate quente, leite), mensagem de boas vindas e avisos, com voz de aeromoça, em 3 línguas. E isso que escolhi a companhia mais barata. Paguei uns R$10,00 pela viagem de 2 horas e meia.


Eu e o Peng na festa de Natal (ele t'a vermelho pq tem alergia a alcool, mas seeeempre bebe um pouquinho)

O que já aprendi na Slovakia:

• Tomar sopa antes de almoçar;
• Tomar chá antes do café-da-manhã;
• Tomar chocolate quente antes da bebida, no barzinho;
• Subir de elevador, descer de escada;
• Comprar bilhete de ônibus e trem mesmo que ninguém vá conferir;
• Beber água com gás e com sabor de fruta, de flor, de chocolate, de ervas, de tudo o que você conseguir imaginar;
• Me comunicar por mímica (não é tão fácil, principalmente na hora de pedir algum prato no restaurante... como é que a gente explica batata por mímica?);
• Carregar várias moedas, pra usar nas máquinas de bebidas, ônibus, máquina de lavar roupa etc.;
• Carregar a minha própria sacola quando vou ao supermercado (se você não levar, pode comprar lá, ou carregar as coisas na mão);
• Colocar uma moeda pra pegar o carinho de supermercado e pegar de volta quando devolvê-lo;
• Beber suco de todas as frutas misturadas;
• Jogar pimbolim (tá, não aprendi aqui, tinha no Brasil, mas melhorei bastante, tem em tudo quanto é lugar);
• Baixar coisas na intranet do alojamento da faculdade (tem zilhões de filmes e jogos);
• Comer queijo de cabra;
• Usar a descarga curta para o nº 1 e a longa para o nº 2;
• Deixar o casaco e o sapato no hall antes de entrar nas casas;
• Usar papel higiênico biodegradável e jogar fora no vaso;
• Comer muito alho, pimentão, cebola e cogumelo;

E o mais importante: levantar a tampa da privada. As mulheres sempre reclamam quando os homens não levantam/abaixam a tampa da privada... morando no dormitório masculino, acho que é meu dever deixar a tampa sempre levantada. Acho que todos os homens deveriam começar a reclamar quando a tampa estiver abaixada... quem foi que falou que é dever deles se preocupar com isso? Se incomoda às mulheres, elas que cuidem disso ao invés de reclamar!

CURIOSIDADES ALEATÓRIAS

• Nomes – todo mundo tem o mesmo e daí vem os apelidos. Mas os apelidos são os mesmos, então tem os apelidos dos apelidos... e os apelidos dos apelidos dos apelidos :P E mesmo assim... tem um monte de gente com o mesmo 5º apelido.
• Falando em nomes, aqui as pessoas celebram o Aniversário e o “Names day”, igualmente. Todo nome tem um dia no calendário e no seu dia tem festa, presentes, cantar parabéns... então não é tão ruim ter um nome igual. Porque se você tem um nome diferente, significa que ele não está no calendário e aí você só tem o aniversário mesmo.
• Os carrinhos de neném se fecham totalmente, pra proteger do vento e do frio. Faz sentido, mas eu nunca tinha pensado nisso.
• A maioria das camas não tem o vão embaixo, são como caixas e a parte de cima abre, como uma tampa, pra gente usar o espaço entre o chão e o colchão pra guardar coisas. Alguns sofás também.
• Imagine que você foi numa festa muito boa e voltou pra casa às 5h da manhã. No outro dia, dormiu até as 13h. Acordou, almoçou e... às 15h já estava escurecendo. Pronto, seu dia teve 2 horas. Ou pior... a festa foi realmente muito boa e você, muito cansado, acorda às 16h. Olha pra janela e fica confuso porque está escuro e pensa: devo ter dormido só um pouco, ainda é noite”. Então volta a dormir. Acorda depois de algumas horas e ainda está escuro. Olha no relógio e leva alguns minutos (talvez muitos minutos, dependendo do tanto que você bebeu na noite anterior) pra entender se são 7 horas da manhã ou da noite, do sábado ou do domingo.
• Dependendo do seu programa de ano novo, usar branco pode ser muito sem graça, já que toda a paisagem pode estar branca da neve.
• Se não secar bem o cabelo antes de sair de casa, ele pode congelar! Se você quiser fazer um penteado diferente e não tiver spray, pode ser uma boa opção!
• Se não tiver nenhum outro plano para hoje à tarde, o que acha de ir colher ‘berrys’ (frutinhas silvestres) e cogumelos?
• Os lençóis são tipo capas para os cobertores, com dois lados costurados em cima e com botões em baixo. E os travesseiros são bem grandes e finos.
• Os chuveiros são móveis, tipo ‘duchinhas’ e têm o lugar de prender na parede pra ficar igual nosso chuveiro. Eles acham esquisito pensar como lavamos certas partes com a água vindo de cima pra baixo.

PRÓXIMOS PASSOS

Estou na Eslováquia até dia 25 de janeiro. Depois vou pra Itália, até dia 3 de março. Depois... acho que nem Deus sabe! Se estiver certa a respeito do que escrevi no último post, satisfeita com certeza eu vou estar, pois as opções são muitas.


Uma das grandes vantagens de fazer parte da AIESEC é que eu tenho milhares de oportunidades no mundo todo, completamente diferentes umas das outras. Posso escolher entre mais de 100 países, cidades pequenas ou grandes, Ásia, África, Américas, Europa, para trabalhar por 2 meses, 1 ano, ou mais, em multinacionais, em pequenas empresas, no governo, em ONGs, em algo relacionado a meu curso universitário ou algo diferente... e não oportunidades difíceis de se conseguir, é tudo bem acessível! E o problema é exatamente esse: com tanta possibilidade, não consigo escolher. E além das oportunidades da AIESEC, ainda posso decidir estudar e aí vem mais um caminhão de possibilidades diferentes...


Desde antes de sair do Brasil tenho pensado bastante sobre o meu futuro. Não engulo a história de que a gente tem que saber agora o que quer pro resto da vida. Na verdade pra algumas pessoas eu já deveria saber há muito tempo, quando marquei o X no “Curso desejado” no formulário do vestibular... Bom, pra mim não é assim. Sei que se eu começar alguma coisa e depois achar que não é aquilo, posso mudar, ou começar outra totalmente diferente. Mas já que preciso começar por algum lugar, quero tentar começar pelo lugar certo... pelo que vai me fazer mais feliz nesse momento. Então dedico algumas horas do meu tempo livre para pensar no que quero fazer quando voltar ao Brasil e em como posso me preparar melhor para isso durante o período que estou fora. Não pretendo delinear todo o meu futuro, mas acho importante ter algum tipo de planejamento, então me pergunto: o que quero fazer nos próximos anos? E como posso tirar o melhor proveito do meu intercâmbio, nesse sentido?


Tirando a questão financeira (claro que penso em opções que vão me dar recursos para manter um bom padrão de vida), o mais importante é encontrar algo que eu realmente goste de fazer. Sei disso. Todo mundo fala disso o tempo todo. Acontece que para mim não é tão fácil assim descobrir o que eu realmente gosto de fazer... já tentei listas de prós e contras (para quem não sabe sou fanática por listas); sessões de mentorado; brincar de me imaginar daqui a 1, 2 ,5 anos; começar planos de negócios; pesquisar profissões do futuro na Internet; analisar o que gostava/detestava fazer nos meus trabalhos anteriores... e o resultado é que tenho em mente pelo menos umas 10 coisas diferentes. E sempre que começo a pensar nisso, não consigo focar em nenhuma delas e acabo ‘viajando’ entre todas, sonhando e me preparando um pouquinho para cada uma, esperando a resposta cair do céu.


Acho que enquanto não tiver uma resposta mais clara em relação ao que quero fazer quando estiver no Brasil, não vou conseguir escolher e aproveitar bem nenhuma das incríveis oportunidades que tenho à minha frente. Por enquanto vou vivendo as experiências novas, aprendendo com a cultura diferente e crescendo muito no âmbito pessoal. O que já é bastante coisa. O lado profissional está em standby até eu conseguir enxergar mais claramente. Desejem-me sorte.

Zilina, Eslovaquia

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Feliz Natal!

Estou saindo de viagem amanhã cedo... para Bratislava, Viena, Budapeste, Nitra, Cermany, Praga e Losanky... não necessariamente nesta ordem... e talvez algumas outras cidades :-)

Não podia deixar de desejar aqui Feliz Natal e Próspero Ano Novo para as pessoas que acompanham o blog... quando estou desanimada e com preguiça, o fato de ter pessoas que gostam de ler o que escrevo me motiva a viver coisas novas para poder contar aqui. Então obrigada a todo mundo que lê o blog (mesmo pra quem não comenta, já passou a fase carente da Nigéria).

Meus desejos para vocês são que consigam compartilhar estas datas com suas famílias e com as pessoas que querem bem. E que o ano novo traga muitas boas surpresas e oportunidades diferentes!


Feliz Natal! Feliz 2009!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A felicidade está num pedaço de queijo

Outro dia estava pensando em porque gosto tanto de estar aqui. Tentando entender porque me sentia tão mal na Nigéria e me sinto tão tranqüila na Eslováquia. As diferenças entre os dois países são óbvias. Mas posso citar várias coisas que me agradavam mais na Nigéria e várias coisas que me desagradam na Eslováquia. O fato é que aqui me sinto bem.

E depois de pensar um pouco, descobri que o problema é que na Nigéria eu não podia comprar queijo. (Calma, é no sentido figurativo... não gosto taanto assim de queijo). Defini que o que me traz esse sentimento bom é ter diferentes possibilidades.

Pra tentar explicar, recorro ao sempre útil dicionário (nesse caso, o Michaelis virtual):

Satisfação sf (lat satisfactione) 1 Ato ou efeito de satisfazer ou de satisfazer-se. 2 Qualidade ou estado de satisfeito; contentamento, prazer. 3 Sensação agradável que sentimos quando as coisas correm à nossa vontade ou se cumprem a nosso contento.

Vontade sf (lat voluntate) 1 A principal das potências da alma, que inclina ou move a querer, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. 2 Psicol (...) em sentido mais estrito, uma atividade precedida de elaboração mental de antecipação, incluindo opção ou escolha (...);

Escolher (lat excolligere) vtd 1 Separar segundo qualidade, tamanho, cor etc.; selecionar, classificar 2 Separar impurezas ou produto de má qualidade 3 Dar preferência a, entre coisas da mesma espécie 4 Eleger, nomear 5 Optar: 6 Assinalar, delinear, marcar 7 Trazer à baila; apontar, citar.


Preferência sf (lat praeferentia) 1 Ação ou efeito de preferir uma pessoa ou coisa a outra; predileção.


E aqui chegamos à chave da questão: para “preferir uma coisa à outra”, precisamos ter a “uma” coisa e precisamos ter a “outra” coisa. Precisamos ter diferentes opções, diferentes possibilidades.


Posibilidade sf (lat possibilitate) Qualidade de possível. è Possível adj m+f (lat possibile) 1 Que pode ser, existir, acontecer, fazer-se ou praticar-se. 2 Fácil de realizar-se. 3 Que pode ser feito; praticável. 4 Verossímil, provável.


Era isso que me incomodava tanto na Nigéria. A falta de possibilidades. Eu não podia fazer nada, não podia mudar, não podia resolver os problemas que tinha na empresa, não podia tentar algo diferente, não podia fazer nada sozinha, não podia comprar ou cozinhar algo que gostasse.

Agora, às vezes o frio machuca, o tempero da comida é muito forte, a sopa é sempre aguada, não consigo me comunicar com ninguém, não tem sol (mas também não tem neve), as pessoas são muito pontuais, mas pouco interessadas no trabalho... mas mesmo quando estou em alguma dessas situações não-agradáveis, ainda assim me sinto bem. Me sinto bem por poder usar mais um casaco, por poder comer algo diferente, por poder tentar usar o dicionário, por poder viajar, por poder me esforçar para envolver as pessoas nas minhas atividades, por poder ir para casa.

Mesmo quando não faço várias das coisas que posso fazer, me sinto bem por ter a possibilidade de escolha. E assim valorizo o que escolhi. Mesmo nas coisas mais bobas. Como no dia em que percebi isso: estava ‘passeando’ no supermercado e percebi que tinha a possibilidade de comprar queijo. Simples assim. Não comprei, e provavelmente não vou comprar. Mas ter a possibilidade de fazê-lo, me fez sentir bem.

OLOMUC

A Eslováquia está para a Europa assim como Uberlândia está para o Brasil. Bem no centro. Tem conexões de trem rápidas e baratas pra vários lugares. No sábado, aproveitei um desses trens e fui com o Peng (foto abaixo) para Olomuc, a 2 horas de Zilina, na República Tcheca.

Saímos daqui bem cedo, sem saber nada de Tcheco e com o guia do Lonely Planet na mão. Passeamos o dia todo com a ajuda do guia e de um mapinha que pegamos na central de turismo de lá, visitamos vários prédios históricos, as 6 famosas fontes da cidade, um monumento que é Patrimônio Mundial, pela UNESCO (foto abaixo), o famoso relógio astronômico e um museu de arte moderna. Vimos também várias igrejas e um castelo, mas não entramos porque estava fechado.


Almoçamos em um restaurante bem legal e escolhemos algo aleatório no cardápio, porque não entendíamos nada. Era um prato típico, bem gostoso. E sopa antes, claro.


Na praça central estava tendo o tradicional Mercado de Natal (foto acima) que tem em tudo quanto é lugar aqui. Bebemos chocolate quente e experimentamos um negócio frito (foto abaixo) feito de batata e repolho (ou pelo menos tem gosto disso), muito gorduroso mas gostoso.


Acho muito engraçado ver que na barraca dos “hippies” tem exatamente as mesmas coisas que no Brasil. Não é nem parecido, é idêntico! Eu trouxe vários brincos e pulseirinhas de hippies achando que era típico e tem tudo pra vender aqui...


Andamos o dia todo. Como estava frio e escurece cedo, no fim da tarde já estávamos bem cansados... conseguimos ver tudo que queríamos no mesmo dia, então pegamos o trem e voltamos pra Zilina. Foi um dia ótimo, a cidade é bem Européia, construções antigas, ruas de pedra... muito charmosa!


Quero fazer isso mais vezes: passar o dia no país ali do lado!

Mais fotos em: http://picasaweb.google.com.br/lunamferolla/OlomucCzechRepublic

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

5...4...3...2...1...FIRE!!!



Não tem som, então a parte da contagem regressiva
fica longa e chata...
maaaas na hora foi legal! :-D

Altura: 45 metros
Velocidade: 95km/h

P.S.: Pra quem não reparou, a bola gira.

domingo, 7 de dezembro de 2008

FIM DE SEMANA

Passei o fim de semana em Liptoski Mikolas, cidade da Katka, que fica a uma hora de trem da minha cidade.

Na sexta passeamos na “Feira de Natal”, vi algumas comidas e bebidas típicas e várias coisas parecidas com o Brasil: milho cozido, algodão doce, “pinga” com mel (não é pinga, mas parece), barraquinhas de “hippies” (com os mesmos brincos, colares e pulseirinhas) e por aí vai. Tinha uns brinquedos tipo de parque de diversões e me chamou a atenção olhar para um carrossel: as crianças parecem todas saídas de um comercial da Jhonson&Jhonson, loirinhas, gorduchas, de olho claro e bochechas rosinhas, com gorros de bicinhos e luvas combinando.

Assisti também a um pedaço de uma partida de Hóquei e outra de Squash (os dois principais esportes aqui, fora canoagem, que é só no verão). Não tenho fotos, porque acabou a bateria da máquina e eu esqueci de levar o carregador.

Igreja e Galeria na parte antiga da cidade

Depois passeamos um pouco pela cidade e fomos, eu, a Katka e o namorado dela, Miño, pro chalé da família dela, nas montanhas, a uns 20 minutos de carro. O chalé é pequeno, mas muito aconchegante, com uma lareira e dois quartos cheios de camas.

Passamos a noite conversando e comendo sopa de repolho. Comi também o melhor queijo que já comi na minha vida. Parece mussarela de trança, mas é em “canudinhos”, bem salgado... perfeito!

No sábado a família dela foi pra lá e fizemos uma fogueira do lado de fora pra cozinhar Goulash, uma comida típica. É uma sopa com bastante cebola, pimentão, batata e carne (normalmente porco e/ou vaca, mas eles fizeram com peru). Os pais dela falam inglês e a tia fala espanhol, são todos muito simpáticos e super curiosos quanto ao Brasil. Comemos muito o dia todo e à noite jogamos baralho.

Cozinhando Goulash

Família da Katka, eu e Miño


No domingo, quando acordei, SURPRESA: estava nevando! O tempo não estava tão frio e o sol derretia a neve assim que ela chegava no chão, mas foi bom passear lá de fora e ficar igual criança, brincando com os floquinhos que caiam no meu casaco.

Depois de um excelente fim de semana, estou de volta ao meu quartinho no dormitório da faculdade, pensando em quantas pessoas têm a possibilidade de conhecer a Eslováquia mas acham que não vale à pena, ou nem sabem que o país existe... e quanto eu tenho sorte de ter “vindo parar aqui”.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

COMIDAS E BEBIDAS

As pessoas bebem bastante chá e café e tomam muita sopa, por causa do frio. Tem uma máquina de café no piso térreo de cada bloco do dormitório, com um chocolate quente barato e muito gostoso. Aliás, tudo aqui em volta da faculdade é barato, porque é voltado pra estudantes... muito bom!

Fui almoçar duas vezes na casa do Tommy e comi comida típica. Da primeira vez a mãe dele cozinhou arroz, picadinho de carne e salada. O tempero é diferente, achei tudo muito gostoso. De sobremesa, torta de maçã, na massa folhada. Eles comem muita batata e maçã agora, porque são as únicas coisas que crescem no frio. No outro dia ele cozinhou um prato bem tradicional (Pirohy - na foto abaixo). Parece um pastelzinho, mas a massa é feita de batata. Recheado com queijo de cabra, frito com bacon e coberto com cheiro verde e cream cheese. Também achei bem gostoso. De sobremesa, o mesmo pastelzinho, mas recheado com geléia de fruas silvestres e coberto com chocolate em pó. Diz ele que é uma refeição bem barata e bem comum.

Durante a semana como na cantina da faculdade. Custa uns R$4,00 e sempre tem umas 7 opções de prato, pelo menos 2 vegetarianas. E sempre com um prato de sopa junto. Estou gostando muito da comida. Normalmente é arroz, alguma carne cozida ou tipo bife e salada/purê/batata frita/ etc.


A cidade é pequena (bom, pra Eslováquia é grande), mas tem vários restaurantes internacionais (chinês, italiano, indiano...) e vários de comida local. E tem a cantina da faculdade, que é tipo self-service. Nos restaurantes por enquanto eu comi pizza (muito boa) e macarrão. Tem vários cafés também, mas ainda não fui em nenhum.


Tem uma bebida muito famosa e barata que se chama Kofola. É tipo refrigerante de cola, mas menos doce e um pouco amargo. O primeiro gole não foi muito bom, mas agora eu adoro e sempre bebo isso, porque é bem barato. Na foto estamos eu e o Peng (fala Pôn) comendo macarrão e bebendo Kofola.

Fui no supermercado (tem 3 aqui bem pertinho do dormitório, um deles é um Carrefour) e comprei algumas bobeiras pra ter aqui no quarto (bolachas, chocolate, sucos, chá) e macarrão. Agora tenho meu "armarinho de comida" (foto). Tem uma cozinha em cada andar (na verdade um fogão elétrico) então vou arriscar cozinhar algumas coisas. Não tem geladeira, mas como tá frio a gente coloca as coisas do lado de fora da janela, penduradas por um saquinho plástico.

Acho que vou recuperar os poucos quilos que perdi na Nigéria bem rápido.